Você sabe o que é refluxo?

O que é o refluxo?

A Doença do Refluxo gastroesofágico (DRGE) é muito comum e acomete cerca de 12-20% da população brasileira. Ocorre quando o conteúdo ácido do estômago retorna ao esôfago, provocando sintomas desagradáveis e possíveis complicações graves.

Vou explicar: logo após a deglutição, há o relaxamento do esfíncter inferior do esôfago, uma espécie de válvula muscular, que permite a passagem do alimento para o estômago. Quando essa válvula apresenta um relaxamento excessivo, o conteúdo ácido presente no estômago retorna ao esôfago e agride a sua parede mais interna, gerando os sintomas.

De olho na obesidade

Uma das mais frequente comorbidade associada à obesidade, a doença do refluxo é diagnosticada em 30-60% dos pacientes obesos. Decorre do aumento da pressão intra-abdominal. Logo, quanto maior o índice de massa corpórea (IMC) e a circunferência do abdômen, maior é a pressão dentro da cavidade abdominal e do estômago, devido ao acúmulo de gordura.

Pacientes obesos apresentam uma chance três vezes maior de apresentar hérnia de hiato, e esse tipo de hérnia, sobretudo a de grande tamanho, também é fator de risco para a DRGE.

Na obesidade, os relaxamentos da válvula esofágica são frequentes, principalmente com o estômago cheio, após alimentação volumosa.  Em pacientes que serão submetidos à cirurgia bariátrica, a investigação de DRGE é fundamental para definição da técnica cirúrgica a ser empregada. Mas isso é papo para outro post!

Existem sintomas? Como é o diagnóstico?

Há dois tipos de sintomas de DRGE: típicos e atípicos. Os típicos são:

– Pirose: conhecida como azia, é a sensação de queimação na região central do peito, e na “boca do estômago”;

– Regurgitação: é a sensação de retorno do ácido até a boca.

Já os atípicos são:

– Dor torácica (necessitando eliminar doenças de coração, como infarto);

Globus faringeus (impressão de “bolo na garganta”);

– Asma, com sintomas semelhantes aos da asma brônquica;

– Tosse crônica, associada a sensação de “pigarro”;

– Apneia do sono, afetando sua qualidade.

O diagnóstico é baseado em anamnese cuidadosa, identificando todos os sintomas, assim como a intensidade, duração e frequência. Com isso, analisa-se o impacto na qualidade de vida dos pacientes, seus fatores desencadeantes e de alívio.

O exame complementar escolhido para avaliar as lesões causadas pelo refluxo é a Endoscopia Digestiva Alta (EDA). Em alguns casos, são utilizados outros mais específicos como a pHmetria e a impedanciopHmetria, indicados para documentar a exposição ácida no esôfago.

 Tem tratamento?

Sim! Pode ser clínico ou cirúrgico, e visa o controle dos sintomas, a cicatrização de lesões existentes e a prevenção de complicações. A maioria dos pacientes se beneficia com o cuidado clínico, que tem dois pilares importantíssimos: o trato medicamentoso e as medidas comportamentais. Essa combinação é o segredo do tratamento. As modificações comportamentais importantes são:

– Perder peso ou impedir ganho adicional;

– Moderar a ingestão de alimentos ricos em gorduras, condimentados, cítricos, café, chá, chocolate, massas, bebidas alcoólicas e com gás;

– Evitar refeições volumosas;

– Evitar deitar por duas horas após as refeições;

– Parar de fumar;

– Elevar a cabeceira da cama (15cm).

Já o tratamento medicamentoso tem como objetivo inibir a produção de ácido no estômago. Somente o médico é capaz de prescrever qual melhor medicamento, baseado na apresentação clínica e na gravidade dos sintomas dos pacientes.

Não use medicação sem receita médica!

Os efeitos colaterais podem ser prejudiciais à saúde.

Cirugia antirrefluxo

A cirurgia do antirrefluxo (Fundoplicatura) confecciona um novo mecanismo de válvula para dificultar ou bloquear o retorno do conteúdo ácido do estômago ao esôfago. É indicada, principalmente, para pacientes:

– Com hérnia de hiato (>2cm) associada à DRGE;

– Quando não melhora com o tratamento medicamentoso e comportamental;

– Quando há complicações importantes decorrentes da esofagite erosiva.

Se você sente algum dos sintomas citados, não demore a procurar um médico. Sua qualidade de vida e sua saúde devem estar sempre em primeiro lugar!

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